Abertura da exposição. O secretário municipal de Cultura Hélio Consolaro faz abertura com seu discurso, estando presentes o secretário municipal de Turismo Carlos Nova e o médico Luís Geraldo. |
O museu Histórico Pedagógico Marechal Cândido Rondon da cidade de Araçatuba/SP apresenta ao público a exposição “De Araçatuba á Austrália”. A abertura foi em 27 de novembro de 2012 e se estenderá até 27 de janeiro.
A mostra sintetiza a importância destas localidades para a pecuária, interligadas pelo personagem Sebastião Ferreira Maia, ou Tião Maia, e conta com banners, material histórico didático e exibição do vídeo documentário (Tião Maia, um recorte da história da pecuária no Brasil. A construção do mito na imprensa nas décadas de 1950 a 1980) produzido pelo jornalista Luiz Geraldo dos Santos.
Eduardo, sobrinho-neto de Tião Maia e o jornalista Luiz Geraldo dos Santos durante aabertura da exposiçãop |
Nos anos de 1950, ao construir um frigorífico de padrões internacionais em Araçatuba, Maia ganhou destaque no agronegócio e na imprensa nacional, recebendo visitas dos presidentes Juscelino Kubitschek, João Goulart e outras autoridades estrangeiras. No auge de sua produção em 1968, atinge a incrível marca de quase 200 mil cabeças de gado abatidas. Como símbolo de produção de carne, o frigorifico T. Maia garante suas exportações para o comércio europeu, oriente médio, continente americano alem do mercado interno.
Profundo conhecedor da pecuária, visualiza a Austrália com um futuro promissor. Inicia seu empreendimento em 1976 na obtenção de 1 milhão e 200 mil alqueires de terras (Fazendas Lawn Hill e Julia Creek) no estado de Queensland daquele país. De maneira excêntrica, manejando o gado através de motocicletas e helicóptero, atrai olharesda mídia local. Doando terras ao governo australiano, soube traduzir além das fronteiras seu maior atributo: “a pecuária como excelência no agronegócio”.
QUEM FOI TIÃO MAIA?*
Chamava Sebastião Ferreira Maia. Nasceu em Passos MG no dia 1° de janeiro de 1916 e não terminou o curso primário, sendo bastante claudicante em português. Em 1998, sofreu um acidente vascular cerebral e faleceu em São Paulo em 2005.
Foi o fundador (1952) e proprietário do Frigorífico T. Maia de Araçatuba SP, um dos mais importantes da época. Dizem que tinha como sócio nos seus negócios Juscelino Kubstchek (1902-1976) e João Goulart (1919-1976). Durante a ditadura militar foi acusado de uma suposta sonegação de impostos e a venda de carne congelada de propriedade do governo federal e chegou a ser preso por alguns dias. Aborrecido resolveu abandonar o país vendendo todo o seu patrimônio no Brasil, incluindo os frigoríficos, e saiu do Brasil com uma mala cheia de dólares.
Em 1976, numa crise mundial no mercado de carne bovina, provocada pelo abate compulsório de vacas leiteiras determinado pelo Mercado Comum Europeu, para diminuir os estoques de manteiga e também os subsídios pagos aos produtores, resolveu ir para a Austrália e investir na criação de gado. Tinha um pressentimento que o mercado iria recuperar. Quando chegou na Austrália o preço de uma vaca leiteira era de apenas U$ 20.
Comprou 1,2 milhões de hectares de terras formando duas grandes fazendas, uma em Lawn Hill (comprada a vista por 3,3 milhões de dólares) e outra em Julia Creek, ambas no estado de Queensland, e colocou para pastar 65 mil cabeças de gado. Queensland é bem servido de frigoríficos exportadores e era fácil vender o gado para abate. Logo depois, em 1977, o mercado começou a mudar e o preço de uma vaca leiteira saltou para US$ 80. A produção de carne voltava a ser interessante.
Tornou-se então um importante e milionário criador de gado. Usava helicópteros para inspecionar o gado de suas fazendas e para o manejo um plantel de mais de mil cavalos de raça. Como não falava inglês, contratou vários funcionários brasileiros para ajudar a tocar o negócio e alguns bilingues para assessorá-lo.
Na fazenda de Lawn Hill um pouco depois, foi descoberto uma jazida de zinco e o governo australiano confiscou a fazenda pagando um valor um terço a mais do que ele a tinha comprado, para explorar o minério. Ainda teve a opção de arrendar a área superficial mediante o pagamento de uma tarifa bastante conveniente para continuar criando o seu gado. Ficou mais rico ainda.
Passou a frequentar os cassinos de Las Vegas, nos Estados Unidos, namorar garotas americanas, bem mais jovem do que ele e comprou um Rolls Royce cor de vinho. Interessado em investir na cidade, criou a empresa Tiao United States (Tusa), que passou a construir condomínios residencias. Mais tarde passou a residir na cidade onde construiu uma mansão semelhante à Casa Branca.
Chegou a comprar uma fazenda no Texas, que foi um fracasso e desfez dela rapidamente.
Foi um dos primeiros empresários brasileiros a possuir um avião, o PT-DVL. Por isso, foi convidado para a formação da empresa de aviação "Transportes Aéreos Marília", hoje a TAM, ficando sócio de Rolim Amaro (1942-2001) e Orlando Ometto, cada um com um terço do capital. Tião foi até escolhido para presidente da empresa, mas desistiu e saiu do negócio.
No seu inventário, após a sua morte em 2005, constava entre seus bens 170.000 cabeças de gado, duas fazendas na Austrália e um conjunto residencial em Las Vegas avaliado em 30 milhões de dólares.
O gestor do patrimônio passou a ser seu sobrinho Aramis Maia.